Formação de Pastores Online?
Publicado em: 11 de novembro de 2022 Por: Rev. Ageu Magalhães
A Igreja Assembléia de Deus Betesda ficou bem conhecida no meio evangélico graças ao seu líder, Pr. Ricardo Gondim. Eloquente e perspicaz Gondim sempre atraiu a atenção dos evangélicos com sermões e artigos atuais e com boas aplicações à igreja contemporânea. Em um artigo de setembro de 1998, publicado na Revista Últimato, ele escreveu o que segue:
“Necessitamos de uma idéia menos divina e mais humana de nós mesmos. A pregação evangélica desses últimos dias vem tão repleta de arroubos triunfalistas, que um novo cristão pensa nunca ter um revés em sua vida. Doenças, desempregos, tristezas, mortes prematuras e inúmeros desapontamentos são varridos para debaixo do tapete religioso, levando as pessoas a viverem uma farsa: os crentes estão imunes ao sofrimento. Com adesivos nos vidros dos automóveis, caixinhas de promessas com versículos fora de contexto e sermões superficiais, vai se disseminando uma mensagem cristã distorcida.”
O artigo continuou nesta linha e, no último parágrafo: “A Igreja evangélica necessita de uma nova Reforma. Desçamos de qualquer pedestal da arrogância e da auto-suficiência, e deixemos que a luz perscrutadora do Espírito penetre em todas as câmaras de nosso viver. Só assim poderemos nos imaginar noiva do Cordeiro, sem ruga e sem mácula.”
Muito bom, assim como outros artigos que ele escreveu nestes anos. Todavia, algo ocorreu com este pastor. Em 2003 li um artigo sobre arminianismo em que o autor já sinalizava algo estranho nos ensinos de Gondim, muito parecidos com os escritos de Clarck Pinnock, um dos pais do Open Theism (Teísmo Aberto). Porém, seus novos posicionamentos vieram à tona mesmo com o artigo “Quem Deus ouviu primeiro” espalhado pela internet após o fatídico Tsunami que atingiu algumas cidades da Ásia em 26 de dezembro de 2004. Eis abaixo dois trechos do que ele escreveu:
“Só uma réstia da revelação brilha em minha alma: o Deus da Bíblia soberanamente criou o universo, mas ao formar mulheres e homens, abriu mão de sua Soberania para estabelecer relacionamentos verdadeiros (…) Não, Ele não pôde evitar a catástrofe asiática. Assim, sinto que a morte de milhares de pessoas, machucou infinitamente mais o coração de Deus do que o meu – o sofrimento é proporcional ao amor.”
Com as expressões “abriu mão de sua Soberania” e “Não, Ele não pôde evitar a catástrofe”, Gondim expressa o cerne da heresia importada dos EUA, chamada aqui de Teísmo Aberto ou Teologia Relacional. Os defensores desta nova idéia dizem que Deus não é soberano. Em um livro de vários autores (Randall Basinger, John Sanders, William Craig, Richard Rice, etc…) Clark Pinnock, o editor, escreve o seguinte:
“… tive que me perguntar se era biblicamente possível sustentar que Deus conhece tudo o que pode ser conhecido, exceto a escolha livre que não seria algo que pudesse ser conhecido até mesmo por Deus porque ainda não está resolvida na realidade…. Deus pode predizer bastante do que iremos escolher fazer, mas não tudo porque alguma coisa permanece escondida no mistério da liberdade humana….” (p. 25,26 Apud R. C. Sproul, Sola Gratia: A controvérsia sobre o livre-arbítrio na História, Editora Cultura Cristã, págs. 157-159.)
Em uma entrevista a Edward Green, editor da revista “humorística” “Ship of Fools”, em 2001, Clark Pinnock resumiu o pensamento sobre o Open Theism da seguinte forma:
“Os teístas evangélicos tradicionais ficam irados, frequentemente, quanto à visão de que o futuro, sendo não estabelecido ainda, não é completamente conhecido, mesmo para Deus. Isso não significa que Deus é ignorante de algo que deveria saber, mas que muitas coisas no futuro são somente ‘possíveis’ e não ‘reais’. Consequentemente, Ele as conhece como possíveis e não como reais.” (http://ship-of-fools.com/Shop/Theology/2001_11/PinnockInterview.html).
São estas as idéias que Ricardo Gondim acolheu. Após o seu artigo sobre o Tsunami, as idéias sustentadas por Gondim foram alvo de fortes críticas por parte de diversos pastores brasileiros. Até onde sabemos, ele não reviu seus posicionamentos, aliás, este cisma na Igreja Betesda indica que não. Nossa oração é que o Pr. Gondim submeta-se em oração à Palavra e ao Deus da Palavra, que é onipotente, onipresente e onisciente, e volte ao primeiro amor.
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Para entender melhor a Teologia Aberta, leia os seguintes textos:
Artigos:
Tsunami: Carta Aberta a Ricardo Gondim, de Eros Pasquini
Teologia Relacional: um novo deus no mercado, de Augustus Nicodemus
A Teologia Relacional: Suas conexões com o Teísmo Aberto e implicações para a igreja contemporânea, de Valdeci Santos
Livros:
Eu não sei mais em quem tenho crido, de John MacArthur
Não terás outros deuses, de John Frame
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