O Vulcão
Publicado em: 7 de abril de 2023 Por: Rev. Ageu Magalhães
Na minha adolescência, aos 13 anos de idade, o livro que me impactou e me fez querer ser um homem de Deus foi “A Cruz e o Punhal” de David Wilkerson, pastor da Assembleia de Deus. O livro conta a história de como Deus usou aquele pastor na conversão de jovens viciados em drogas e ligados a gangues de rua. Eu li o livro e fiquei fascinado com o poder de Deus transformando jovens perdidos em seus servos. Todavia, sendo David Wilkerson um pentecostal, eu fiquei bastante animado também com o falar em línguas estranhas. Eu quis muito esse dom.
Na época eu tinha um amigo que era de uma igreja bastante pentecostal e falei com ele. Ele combinou com o seu pastor e com o grupo de jovens para orarem por mim, a fim de que eu conseguisse esse dom. Em um sábado à tarde eu fui até à igreja e lá estavam eles. Fizeram um círculo ao meu redor, mãos sobre a minha cabeça, e todos juntos oraram com fervor pedindo a Deus que eu falasse em línguas. Eu também orei com todo o fervor por isso. Eu queria muito. Ficamos ali alguns minutos, insistindo, mas nada aconteceu. A explicação foi: “Este dom não é para você”. E eu me contentei com isso.
Anos mais tarde, aos 19, eu entrei no Seminário e deparei-me com um universo de conhecimento bíblico e teológico à minha disposição. Agora eu tinha condições de estudar os dons espirituais a fundo para entender o que havia acontecido comigo quanto ao dom de línguas. Li livros que analisaram a questão com profundidade e cheguei à convicção de que o dom de línguas registrado na Bíblia era puramente idiomático. Em Atos 1.8, Jesus avisou os apóstolos que eles receberiam o Espírito Santo para serem suas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Note que a descida do Espírito Santo, com o dom de línguas, não era para produzir sons ininteligíveis, mas para que os apóstolos fossem testemunhas, para pregar o Evangelho. E foi exatamente isso o que aconteceu quando o dom de línguas chegou. Os estrangeiros que ali estavam exclamaram: “Como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?” (At 2.8 ) Língua materna é língua compreensível. Era necessário que aqueles homens simples, na maioria pescadores sem estudo, recebessem o dom idiomático para irem pregar em outros povos, nos confins da terra.
Em Corinto, cidade portuária, repleta de estrangeiros, o dom teve a mesma função. Tanto que Paulo os advertiu: “No caso de alguém falar em outra língua, que não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja quem interprete. Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus.” (1Co 14.27,28) O intérprete era necessário para que a igreja soubesse o que o irmão estava falando para o estrangeiro e, assim, toda a igreja fosse edificada.
O conhecimento deste assunto trouxe paz ao meu coração. Eu fico imaginando a quantidade de irmãos piedosos que, querendo falar como os outros, acabam imitando os sons sem sentido, apenas para serem aceitos. Quão libertador é saber que, na conversão, nós já recebemos o Espírito Santo (Jo 14.23) e que a verdadeira comunhão com Deus não se consegue com este ou com aquele dom, mas com uma vida de oração, de leitura e obediência à sua Palavra. Busquemos crescer nisso.
Newsletter
Sou novo aqui, nesse blog, mas já passei a ser muito edificado.