Sobre Obras de Necessidade e de Misericórdia

Publicado em: 17 de julho de 2018 Por: Rev. Ageu Magalhães

A Confissão de Fé de Westminster, no capítulo 21, Do Culto Religioso e do Domingo, parágrafo 8º, ensina o seguinte:

 
“Este sábado é santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários, não só guardam, durante todo o dia, um santo descanso das suas obras, palavras e pensamentos a respeito de seus empregos seculares e de suas recreações, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e de misericórdia. (grifo meu)
 
O que seriam os deveres ou obras de necessidade e de misericórdia? Algumas considerações:
 
1. Os teólogos de Westminster dividiram o “fazer o bem” em “obras de necessidade e de misericórdia”.
2. Por necessidade, os discípulos colheram espigas e as comeram em um sábado (Mt 12.1).
 
3. Por necessidade, os sacerdotes trabalharam no sábado, oficiando diante do Senhor (Mt 12.5).
4. Por misericórdia, Jesus disse que um animal deveria ser salvo se caísse em uma cova, mesmo no sábado (Mt 12.11)
 
5. Por misericórdia, Jesus curou a mão ressequida de um homem (Mt 12.13)
 
6. Por misericórdia, Jesus curou uma mulher doente há 18 anos em um sábado (Lc 13.12)
 
7. Por misericórdia, Jesus disse que um animal deveria ser solto da manjedoura para beber, mesmo no sábado (Lc 13.15)
 
8. Por misericórdia, Jesus curou um homem doente há 38 anos, em um sábado (Jo 5.9)
 
9. Por misericórdia, Jesus curou um cego de nascença em um sábado (Jo 9.14)
 
10. Thomas Ridgeley, puritano inglês, nascido 18 anos depois da Assembleia de Westminster, escreveu um comentário do Catecismo Maior com mais de 1.300 páginas. Sobre a expressão “obras de necessidade e misericórdia” ele esclarece o seguinte:
 
“Devemos considerar, ademais, quais as obras de misericórdia que deveriam ser feitas naquele dia, tais como, visitar e providenciar medicação para o doente, ajudar os pobres, providenciar comida e água para o gado e outras criaturas irracionais. Isso o nosso Salvador justificou por sua prática, e ilustrou afirmando a necessidade de resgatar uma ovelha que havia caído em um buraco (Mt 12.10-13). Quando, no entanto, defendemos a legitimidade da realização de obras de necessidade e de misericórdia no dia de descanso, alguns cuidados devem ser tomados: Primeiro, que a necessidade seja real, não fingida, do que Deus e a nossa consciência são os juízes; segundo, que se achamos que podemos ter um chamado necessário para omitir ou deixar de lado o nosso atendimento às ordenanças de Deus no dia do descanso, tomemos cuidado para que a necessidade não seja colocada em nós por algum pecado cometido que dê ocasião a sermos julgados pela mão de Deus; e que o motivo que tornou necessária a nossa ausência, seja por causa de submissão e não por questão de escolha pessoal ou prazer.” (Commentary on The Larger Catechism, vol. 2, p. 357)
 
Portanto, com base nos textos bíblicos e na explicação de Thomas Ridgeley, concluo que “fazer o bem” significa providenciar alimento, trabalhar na igreja, salvar vidas, cuidar de doentes, e atender, por conta da submissão às autoridades, convocações obrigatórias de superiores.
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folton
folton
6 anos atrás

Ageu, Belo texto.

Incluindo em convocação de superiores, você acha que votar está incluído?

Ab
Fôlton

Mauricio
Mauricio
6 anos atrás

excelente post.
mas vou aguardar ansiosamente um post do Rev. sobre a última decisão do SC/IPB sobre as mulheres pregarem no culto.

Rev. Ageu Magalhães
Rev. Ageu Magalhães
6 anos atrás

Caro Rev. Fôlton, sim. Eu entendo que votar é obra de necessidade.

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