Uganda, Genebra e Brasil

Publicado em: 5 de setembro de 2009 Por: Rev. Ageu Magalhães
Yoweri Kaguta Museveni é o atual presidente da Uganda, país africano vizinho do Quênia, Tanzânia e Ruanda. A Uganda tem uma história manchada com muito sangue. Desde 1967, quando declarou sua independência do Reino Unido, foi vítima de vários golpes políticos e milhares de ugandenses foram assassinados. Em 1986 Museveni chegou ao poder através de uma revolta conduzida pelo Exército de Resistência Nacional, mas foi eleito democraticamente em 1996, com 75% dos votos da população.

Com Museveni acabaram os abusos aos direitos humanos, a liberdade de imprensa foi iniciada e acordos com o Fundo Monetário Internacional e com o Banco Mundial foram firmados. Museveni fez a transição do totalitarismo para a democracia. Sob seu governo a economia cresceu sensivelmente, os níveis de pobreza caíram em 20% e o número de crianças nas escolas primárias duplicou. Além disso, o que chamou a atenção das Nações Unidas (e é a razão deste post) tem a ver com a AIDS. Desde que iniciou um original programa de prevenção à AIDS o número de infectados foi reduzido em dois terços. Rand Stoneburner, ex-epidemiologista da Organização Mundial de Saúde (OMS), elogiou o programa introduzido na Uganda recomendando-o como programa mais eficiente utilizado até agora no mundo (vide What Happened in Uganda?). O programa de prevenção tem como lema três letras: ABC – Abstinência (para os solteiros), Be faithful (seja fiel – para os casados) e Camisinha.

Note que, ao contrário do que é feito no Brasil, e na maioria dos países, a camisinha é a última opção contra o contágio. Em Uganda os motoristas de caminhão, por exemplo, são motivados a não terem relações extra-conjugais em suas viagens. Veja o cartaz de conscientização distribuído em todo o país:

O cartaz diz: “Um motorista responsável se importa com sua família; ele é fiel a sua esposa”

Outro alvo do programa é a juventude. A abstinência sexual é incentivada entre os jovens com resultados visíveis. Pesquisas realizadas em escolas apontam decréscimos importantes da prática sexual na adolescência. Em uma das escolas pesquisadas, o número de garotos de 13 a 16 anos que faziam sexo caiu de 61% em 1994 para 5% em 2001, enquanto o número de garotas que tinham a prática caiu de 24% para 2%.

Entre os adultos, uma modalidade de prostituição que tem ajudado a propagar o vírus está sendo combatida pela campanha. É comum a relação de homens mais velhos, acima dos 40 ou 50 anos, com garotas jovens de 15 a 25 anos. O homem casado aproveita-se de jovens pobres e, em troca de relações sexuais, a ajuda no seu sustento mensal. Outdoors foram produzidos para conscientizar a população contra esta prática:

Diz o outdoor: “Você deixaria este homem ficar com sua filha adolescente? Então, por que você está com a dele?”

Com resultados que têm sido admirados pelos orgãos de combate à AIDS no mundo todo, Museveni segue seu programa confiando não nos preservativos, mas na mudança de conduta da população. Na verdade, Museveni confia em algo maior que isto. Confia em Deus. Convertido por Jesus Cristo, juntamente com sua esposa Janeth, Museveni tem aplicado os princípios da Palavra de Deus no governo de sua nação. Muito parecido com o que fez João Calvino em Genebra, na Suíça, no século 16. Naquela época, esta cidade padecia com seus problemas sociais. Pobreza, baixos salários, analfabetismo, vícios e prostituição faziam de Genebra uma cidade carente de reformas estruturais. A influência de Calvino fez com que Genebra se tornasse uma cidade verdadeiramente reformada. A pobreza e a desigualdade social diminuíram, assim como a prostituição e os vícios sociais. Os pobres foram melhor tratados e a educação foi valorizada.

Infelizmente, no Brasil nossos governantes caminham longe destes ideais. Além de considerarem os preservativos o único meio de prevenção ao contágio da AIDS e ignorarem a questão da abstinência e fidelidade conjugal, eles ainda promovem a sexualidade precoce instalando máquinas de camisinhas nos colégios de nossos filhos (veja matéria). Não fosse pouco, o governo ainda distribui literatura imoral às nossas crianças (veja post) e os incita ao homossexualismo (veja post). Que situação diferente teríamos se o governo brasileiro ouvisse suas lideranças cristãs. Que país melhor eles construiriam se observassem os princípios da Palavra de Deus.

Feliz a nação cujo Deus é o Senhor (Sl 33.12). Felizes devem estar os ugandenses por terem um líder temente a Deus. Infelizes somos nós, nação brasileira, cada vez mais afastados, como nação, dos preceitos do Senhor. Cabe a nós orarmos por nossos governantes (1Tm 2.1,2) pedindo a Deus que lhes ilumine o pensamento e crie neles temor pela autoridade superior que um dia julgará a todos com justiça (At 17.31).

Fontes:
http://penaafrica.folha.blog.uol.com.br/
http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo248.shtml
http://www.usaid.gov/our_work/global_health/aids/Countries/africa/uganda_report.pdf

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Renato Cunha
Renato Cunha
15 anos atrás

Rev. Ageu,

Uno-me a ti no lamento concernente ao proceder das autoridades brasileiras. Mas o que podemos esperar de ex-guerrilheiros, ateístas e/ou agnósticos que conduzem uma nação "eminentemente" cristã? Ainda mais em tempos pós-modernos que traz consigo a proposta de uma nova agenda comportamental, incluindo aí e, sobretudo, os assuntos de natureza sexual.

Lamentável. Só nos resta orar a fim de que Deus levante um homem santo e temente ao seu nome para conduzir os destino desta nossa plural e imensa nação. Se não for parte de seu povo, que seja um homem probo e cioso dos valores da família prescritos nas Sagradas Escrituras. Excelente post!

Abraços.

Renato.

Douglas FerNANDO
Douglas FerNANDO
15 anos atrás

Aprecio e respeito o cuidado com a sã doutrina que os irmãos expressam em seus artigos e comentãrios.
Contudo, não posso admitir a postura de detentores absolutos da verdade cristã e bíblica, que emana dos seus escritos.
E aproveito para corrigir uma expressão no texto sobre o Presidente da Uganda Yoweri Kaguta Museveni, quando informam que ele é um "…convertido ao protestantismo…." Qual será a importância disto? Ele dever ter, e certamente o foi, convertido-se a Cristo Jesus, mediante o Evangelhoe e assim se tornado uma nova criatura, experiência e realidade de fé que a "conversão ao protestantismo não realiza.
Graça e paz.
Douglas Fernando Crovador.

Rev. Ageu Magalhães
Rev. Ageu Magalhães
15 anos atrás

Caro Douglas Fernando, em primeiro lugar, obrigado pela visita em nosso blog.

Aceitei a correção e já arrumei. De fato, é mais preciso. Quanto à "postura de detentores absolutos da verdade cristã e bíblica" esclareço que não temos tal ousadia. Reconhecemos nossas limitações. Todavia, por outro lado, elucido que não somos (nem eu, e nem os irmãos de blogs indicados por este) relativistas. Cremos firmemente que a verdade que Deus revelou é absoluta e que, por meio das ferramentas hermenêuticas disponíveis a nós, podemos encontrá-la. Portanto, valorizamos o debate, crendo que a verdade pode ser encontrada. No mais, que Deus abençoe ricamente a sua vida. Abraço.

Anonymous
Anonymous
15 anos atrás

Uau! Ótimo post. Parabéns!

Rev. Ageu Magalhães
Rev. Ageu Magalhães
15 anos atrás

Caro Raiz, obrigado pela visita.

Unknown
Unknown
14 anos atrás

É curiosa a forma de abordar um assunto como a AIDS, inserindo a fé do presidente da nação.
Compara o presidente a Calvino e a Genebra. Porque não comparar a Uganda, na eleição de Indi-amin-dada. A Uganda, antes de elegê-lo era o país mais evangélico da Africa, Indi-amim, foi eleito pelos evangélicos, para combater a ameaça do comunismo. Era um homem probo, de valores, por isso os evangélicos o elegeram. Indi-amim simplesmente, desmontou Uganda. Destruiu a economia do país.
Agora é a vez do Musevine, ele vai resolver os problemas do país. Ele é Deus? Ele é evangélico, ótimo. Ele é o homem certo, tomara. Mas nada garante que Uganda se tornará Genebra. E se tornasse? A Genebra de hoje, que tem uma estátua de Calvino. É uma cidade rica, sem fé, tão promíscua como qualquer cidade européia.
A confiança dos homens, e não em Deus. A crença de que um homem de Deus é Deus governando, é o tipo de teologia e ideologia que só faz bem para os piores homens da história.
Conhecer a história é conhecer a Deus. (Oliver Cromwell)

Rev. Ageu Magalhães
Rev. Ageu Magalhães
14 anos atrás

Caro Rogério, em primeiro lugar, obrigado pela visita.

Acho que não me fiz entender. O artigo não é uma exaltação a Museveni, mas à forma como ele tem obtido resultados muito louváveis no combate à AIDS. Resultados reconhecidos até pelos críticos que vêem na castidade um retrocesso social. E qual a motivação de Museveni para métodos tão incomuns? Fé na Palavra de Deus. Ora, palmas para ele. Está fazendo o que muitos líderes cristão não conseguiram fazer, a começar do exemplo que você citou. Quanto à pessoa dele, que Deus o sustente nos Seus caminhos. Todavia, se ele cair, o que ele fez pelo povo da nação continuará em pé.

Sobre Genebra, o texto fala do que aconteceu no século 16, quando João Calvino fez parte da administração da cidade, com assento no Consistório. De fato, a Genebra de hoje pouca coisa tem de cristã.

Sobre confiança em homens, nem tanto ao norte nem ao sul. É fato que maldito é o homem que confia no homem (Jr 17.5) e que nossa esperança deve estar posta em Deus. Porém, quando Deus institui sua autoridades, ele escolhe homens. E quando estes homens dirigem uma nação dentro daquilo que Deus ensina, estes devem ser reconhecidos pelo povo de Deus. Esclareço que não sou teonomista, nem dirijo meus votos aos candidatos que são evangélicos. Para mim os critérios são outros. Todavia, que bom seria se surgisse no cenário nacional brasileiro alguém competente, honesto, sábio e que dirigisse a nação com princípios cristãos, de fato. Seria bom, não? Forte abraço, Ageu

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