Mais que uma pedrinha

Publicado em: 11 de novembro de 2022 Por: Rev. Ageu Magalhães

Mesmo as dores que sentimos estão dentro dos planos de Deus. Finalmente eu estava em Boston, EUA, para completar um curso de mestrado em Liderança no Gordon College – uma viagem muito aguardada. No primeiro dia de aula tive cólica renal. Fui parar no hospital. Oito horas lá. O diagnóstico: um cálculo que saiu dos rins e foi para a bexiga. O médico disse: vai sair… você não terá mais dores. Voltei ao alojamento e acordei de madrugada, com muita dor. Tomei um remédio, me ajoelhei, clamei a Deus por socorro, e a dor sumiu.

No dia seguinte, mais dores. Comecei a tomar remédios. Eles não acabavam com a dor, mas a amenizavam. Com tantos medicamentos, comecei a ficar bastante enjoado. Para completar, um dos remédios que levei do Brasil não era vendido sem receita nas farmácias. Foram 5 dias de bastante sofrimento, mas, ao final, a gente vê o quanto uma pedrinha contribuiu para a glória de Deus por meio de lições que, geralmente, não percebemos.

1. A dependência

No meio do sofrimento, percebendo que a pedra não saia, eu avaliei a chance de interromper o curso e retornar ao Brasil, para casa. É bem complicado ficar doente longe da família e estava difícil conviver com a dor. Mas Deus inclinou o meu coração a aguentar o sofrimento e a esperar nele. Fui ao meu laptop e escrevi no meu arquivo de anotações de aula, em negrito, para ficar diante dos meus olhos: “Paulo teve um espinho na carne, Calvino teve pedras nos rins e outras doenças durante anos. Eu aguento passar 15 dias aqui com dor.” Quando a dor aumentava, eu lia o texto.

Orei. Orei muitas vezes. Eu dizia a Deus: Pai, o Senhor pode fazer esta pedra sair… mas se o Senhor não quer, eu sei que o teu plano é perfeito… só me dá forças para aguentar… É nessas horas que a nossa dependência de Deus aumenta. Passamos a pensar Nele a cada segundo, a cada dor, a cada pedido de socorro. A vida fica mais santificada. Como Deus ensinou a Paulo: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza…” (2Co 12.9). É na fraqueza física que ficamos mais fortes espiritualmente. “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” concluiu Paulo (2Co 12.10).

2. As orações

Como já disse, eu orei muito, mas sei que minha amada Vivian orou mais do que eu. Orou e sofreu, pois, longe, não podia cuidar de mim. Não parou de orar. Meus filhos orando. Meus familiares no Brasil, orando também. Professores e colegas de classe no Gordon orando. Minha igreja no Brasil, a IP Vila Guarani, orando. Capelães, professores, funcionários e alunos do Seminário JMC, orando. Igrejas nos EUA, orando. Igrejas no Brasil, orando.

Quantas orações uma pedrinha de 4 milímetros gerou! Quanta gente gastando alguns minutos a mais em conversa com Deus! Não foi só uma pedrinha. Foi um instrumento que Deus canalizou para que pessoas orassem mais.

3. O amor dos irmãos

Assim que começaram minhas dores, passei a ser alvo do cuidado e do amor dos irmãos. Rev. Mauro Meister e Pb. Solano Portela rapidamente me levaram ao hospital e ficaram lá comigo, durante horas. Sumiram e depois voltaram com comida. Dois homens de Deus. Presentes em todos os momentos.

Rev. Samuel Vitalino e sua esposa, em outro estado, ofereceram toda a ajuda. No Brasil, meu médico, irmão em Cristo, Lauro, prestou toda a assistência que pôde à distância, me orientando no que fazer, ainda que com recursos limitados. Meus colegas de classe, orando por mim e oferecendo ajuda. Meu irmão David Farias acionou amigos em Boston. Dois pastores brasileiros de Boston, Rev. Leandro e Rev. Pedro Lino, acionados pelo Pb. Eli Medeiros em São Luiz do Maranhão, rapidamente ofereceram ajuda. Pessoas das igrejas deles começaram a fazer contato comigo para ajudar.

Ao final da “jornada”, o remédio caseiro, que fez com que a pedra saísse, foi providenciado pelo Dr. Jeff Stevenson (nosso professor) e Pamela, sua esposa, e preparado pelo meu colega de classe Rev. Charles e sua esposa Gwen.

No final eu percebi o que Deus havia feito… Se ele tivesse tirado a pedra na minha primeira oração, quantas ajudas, quanto cuidado, quanto amor ao próximo teriam sido evitados. O prolongamento das minhas dores fez com que muitas pessoas se envolvessem e exercitassem o amor cristão. A providência de Deus fez com que algo ruim fosse transformado em prática de virtude cristã, de boas obras, de amor ao próximo. O plano de Deus é sempre perfeito…

Assim, foi muito mais que uma pedrinha… Cada pedra (literal ou não), cada dor, cada enfermidade, cada acontecimento, são como que pequenas peças de um grande quebra-cabeça, com uma paisagem maravilhosa, que Deus está completando em nossa vida. Você olha a pecinha miúda e não faz ideia de onde ela se encaixa, mas Deus o sabe muito bem. Sem aquela pedrinha, muitas bênçãos não teriam acontecido comigo. Sem os problemas em sua vida, muita coisa boa também não aconteceria. Então, use as dores, os sofrimentos e os problemas como instrumentos para a glória de Deus. Nas horas difíceis, aproxime-se do Pai e tente perceber o que Ele está fazendo. “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8,28) e que “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” (Pv 4.18). Estamos em suas mãos cuidadosas, paternais. Todo o seu plano é perfeito. Louvado seja o seu Nome. Amém.

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