Sem o Sinal, mas não sem o Significado – Rev. André Silvério

Publicado em: 8 de abril de 2020 Por: Rev. Ageu Magalhães
Desde a minha conversão, nos anos 90, é a primeira vez que não irei participar da Ceia do Senhor, e por um motivo realmente justificável. Eu imagino que será algo realmente lamentável não ter aquele momento tão especial. Acredito ainda que este será o sentimento de todo crente verdadeiro no próximo domingo. Infelizmente, temos notícias de que algumas igrejas desavisadas “celebrarão virtualmente” a Ceia do Senhor, como se isso realmente fosse possível. É uma grande contradição, uma vez que a Ceia, além de tudo, é símbolo de comunhão, no contexto do povo da aliança reunido em culto público. Diante dessa situação tão difícil, o que devemos ter em mente?
 
Em primeiro lugar, precisamos considerar que a Ceia do Senhor é um sacramento – uma santa instituição de Cristo – contudo, a Ceia (bem como o batismo) não é absolutamente necessária à salvação. Não é a participação nela que manterá segura a salvação do crente. Quanto a isso, podemos ficar totalmente tranquilos e confiantes na eficácia da obra redentora de Jesus Cristo. 
 
Em segundo lugar, o sacramento da Ceia é um elemento exterior e visível. Sendo a Ceia um sinal, ela aponta para algo significado. Este algo constitui a substância interior do sacramento, como muito bem afirmou Louis Berkhof. Portanto, participar da Ceia é muito mais do que meramente comer um pedaço de pão e tomar um cálice de vinho. Sabiamente, a nossa Confissão de Fé diz que “os que comungam dignamente, participando exteriormente dos elementos visíveis deste sacramento, também recebem intimamente, pela fé, a Cristo crucificado e todos os benefícios da sua morte, e nele se alimentam, não carnal ou corporalmente, mas real, verdadeira e espiritualmente, não estando o corpo e o sangue de Cristo, corporal ou carnalmente, nos elementos pão e vinho, nem com eles ou sob eles, mas espiritual e realmente presentes à fé dos crentes nessa ordenança, como estão os próprios elementos aos seus sentidos corporais.” (CFW 29, 7). A Ceia transcende o visível e nos leva ao invisível – à comunhão espiritual com Cristo.
 
Em terceiro lugar, embora estejamos “impedidos” de participar do sinal (o pão e o vinho), não estamos separados do seu significado – a morte de Cristo em nosso lugar. Eu creio que seja uma excelente oportunidade para que relembremos o sacrifício de Cristo em nosso lugar, mesmo sem a mesa posta diante dos nossos olhos. E, para isso, temos a proclamação da Palavra que exalta a obra de Jesus. Mesmo sem Ceia, devemos examinar o nosso coração (1Co 11.28), confessar os nossos pecados, buscar a misericórdia do Senhor, perdoar os nossos irmãos faltosos e, sobretudo, anelar pelo dia no qual estaremos, novamente, diante da mesa do Senhor, lado a lado com nossos irmãos.
 
Lembre-se de que, embora você esteja separado momentaneamente da Ceia, isto é, do sinal, nunca estará realmente separado de Cristo, da sua obra e do seu amor sacrificial, o real significado da Ceia. Amém!
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