Formação de Pastores Online?
Publicado em: 11 de novembro de 2022 Por: Rev. Ageu Magalhães
Por várias décadas, o liberalismo teológico vem ganhando espaço nas denominações históricas e em seus seminários. Nos últimos anos, porém, alguns segmentos pentecostais foram atingidos por essa corrente de pensamento, algo inimaginável até então, pois, ser pentecostal significa crer no poder e na Palavra de Deus.
A exemplo dos liberais, alguns pentecostais se julgam espertos o suficiente para duvidar de Deus e da sua Palavra. Hostilizar o cristianismo, exaltar a dúvida e questionar a Bíblia Sagrada tornou-se para muitos um sinal de academicismo e inteligência.
É o que vemos hoje através das igrejas emergentes, que pregam uma ortodoxia generosa,¹ onde as verdades e temas vitais da fé cristã perdem sua importância. Tudo indica que há uma apostasia se instalando em muitas igrejas evangélicas, algo já predito na Palavra de Deus e que aponta para a volta de Cristo (2 Ts 2.3; 2 Tm 4.1; 2 Tm 4.1-4; 2 Pe 2.1).
É num solo assim, fértil para a semeadura e crescimento de distorções das doutrinas centrais da fé cristã que surge o livro A Cabana² promovendo o liberalismo teológico e fazendo sucesso entre os evangélicos e a sociedade em geral.
Este artigo apresenta uma breve análise, à luz da Bíblia, sobre esse best-seller a fim de responder algumas indagações de muitos cristãos.
I – Definições
Liberalismo teológico: Movimento da teologia protestante que surgiu no século XIX com o objetivo de modificar o cristianismo a fim de adaptá-lo à cultura e à ciência modernas.
O liberalismo rejeita o conceito tradicional das Escrituras Sagradas como revelação divina proposital e detentora de autoridade, preferindo o conceito de que a revelação é o registro das experiências religiosas evolutivas da humanidade. Apregoa também um Jesus mestre e modelo de ética, e não um redentor e Salvador divino.
Pluralismo religioso: A crença de que há muitos caminhos que levam a Deus, que há diversas expressões da verdade sobre ele, e que existem vários meios válidos para a salvação.
Relativismo: Negação de quaisquer padrões objetivos ou absolutos, especialmente em relação à ética. O relativismo propala que a verdade depende do indivíduo ou da cultura.
Teologia relacional (teísmo aberto): Conceito teológico segundo o qual alguns atributos tradicionalmente ligados a Deus devem ser rejeitados ou reinterpretados. Segundo seus proponentes, Deus não é onisciente e nem onipotente. A presciência divina é limitada pelo fato de Deus ter concedido livre-arbítrio aos seres humanos.
II – O livro A cabana
A história do livro
Durante uma viagem que deveria ser repleta de diversão e alegria, uma tragédia marca para sempre a vida da família de Mack Allens: sua filha mais nova, Missy, desaparece misteriosamente. Depois de exaustivas investigações, indícios de que ela teria sido assassinada são encontrados numa velha cabana.
Imerso numa dor profunda e paralisante, Mack entrega-se à Grande Tristeza, um estado de torpor, ausência e raiva que, mesmo após quatro anos de desaparecimento da menina, insiste em não diminuir.
Um dia, porém, ele recebe um bilhete, assinado por Deus, convidando-o para um encontro na cabana abandonada. Cheio de dúvidas, mas procurando um meio de aplacar seu sofrimento, Mack atende ao chamado e volta ao cenário de seu pesadelo.
Chegando lá, sua vida dá uma nova reviravolta. Deus, Jesus e o Espírito Santo estão à sua espera para um “acerto de contas” e, com imensa benevolência, travam com Mack surpreendentes conversas sobre vida, morte, dor, perdão, fé, amor e redenção, fazendo-o compreender alguns dos episódios mais tristes de sua história (Informações extraídas da orelha do livro).
O livro é uma ficção cristã, um gênero que cresce muito na cultura cristã contemporânea e comunica sua mensagem de uma forma leve e fácil de se ler. O autor, William P. Young trata de temas vitais para a fé cristã tais como: Quem é Deus? Quem é Jesus? Quem é o Espírito Santo? O que é a Trindade? O que é salvação? Jesus é o único caminho para Deus?
III – Pontos principais do livro³
1. Hostilidade ao cristianismo
“As orações e os hinos dos domingos não serviam mais, se é que já haviam servido… A espiritualidade do Claustro não parecia mudar nada na vida das pessoas que ele conhecia… Mack estava farto de Deus e da religião…” (p. 59).
“Nada do que estudara na escola dominical da igreja estava ajudando. Sentia-se subitamente sem palavras e todas as suas perguntas pareciam tê-lo abandonado” (81).
Resposta bíblica: Jesus disse que as portas do inferno não prevaleceriam contra a sua Igreja (Mt 16.18).
2. Experiência acima da revelação
As soluções para os probemas da vida surgem de experiência extrabíblicas e não da Palavra de Deus. As alegadas revelações da “Trindade” são a base de todo o enredo do livro. Mesmo fazendo alusões às verdades bíblicas, elas não são a base autoritativa da mensagem.
3. A rejeição de Sola Scriptura
A Cabana rejeita a autoridade da Bíblia como o único instrumento para decidir as questões de fé e prática. Para ouvir Deus, Mack é convidado a ouvir Deus numa cabana através de experiências e não através da leitura e meditação da Bíblia Sagrada.
Resposta bíblica: Rm 15.4: “Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.
2 Tm 3.16, 17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a coreção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”.
A igreja não precisa de uma nova revelação, mas de iluminação para entender o que foi revelado nas Escrituras.
4. Uma visão antibíblica da natureza e triunidade de Deus
Além de errar sobre a Bíblia, A Cabana apresenta uma visão distorcida sobre a Trindade. Deus aparece como três pessoas separadas, o que pode ser chamado de triteísmo.
O autor tenta negar isso ao escrever: “Não somos três deuses e não estamos falando de um deus com três atitudes, como um homem que é marido, pai e trabalhador. Sou um só Deus e sou três pessoas, e cada uma das três é total e inteiramente o um” (p. 91).
Young parece endossar uma pluralidade de Deus em três pessoas separadas: duas mulheres e um homem (p. 77). Deus o pai é apresentado como uma negra enorme, gorda (p. 73, 74, 75, 76, 79), governanta e cozinheira, chamada Elousia (p.76).
Jesus aparece como um homem do Oriente Médio, vestido de operário, com cinto de ferramentas e luvas, usando jeans cobertos de serragem e uma camisa xadrez com mangas enroladas acima dos cotovelos, mostrando os antebraços musculosos. Não era bonito (p. 75).
O Espírito Santo é apresentado como uma mulher asiática e pequena (p. 74), chamada Sarayu (p. 77, 101).
Resposta bíblica: Dentro da natureza do único Deus verdadeiro há três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. São três pessoas distintas, mas, não separadas como o livro apresenta. Além disso, o Pai e o Espírito Santo não possuem um corpo físico. Veja Jó 10.4; João 4.24 e Lucas 24.39.
5. A punição do pecado
O livro apregoa que Deus não castiga os pecados: “Mas o Deus que me ensinaram derramou grandes doses de fúria, mandou o dilúvio e lançou pessoas num lago de fogo. — Mack podia sentir sua raiva profunda emergindo de novo, fazendo brotar as perguntas, e se chateou um pouco com sua falta de controle. Mas perguntou mesmo assim: — Honestamente, você não gosta de castigar aqueles que a desapontam? Diante disso, Papai interrompeu suas ocupações e virou-se para Mack. Ele pôde ver uma tristeza profunda nos olhos dela. — Não sou quem você pensa, Mackenzie. Não preciso castigar as pessoas pelos pecados. O pecado é o próprio castigo, pois devora as pessoas por dentro. Meu objetivo não é castigar. Minha alegria é curar. — Não entendo…”
Resposta bíblica:
A Cabana mostra um Deus apenas de amor e não de justiça. Apesar da Bíblia ensinar que Deus é amor, não falha em apresentá-lo como um Deus de justiça que pune o pecado:
“A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18.4).
“Semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro” (Rm 1.27).
“porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).
“E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (2 Ts 1.7, 8). Cristo morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3).
6. O milagre da encarnação
O livro apresenta uma visão errada da encarnação de Jesus Cristo: “Quando nós três penetramos na existência humana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos. Também optamos por abraçar todas as limitações que isso implicava. Mesmo que tenhamos estado sempre presentes nesse universo criado, então nos tornamos carne e sangue” (p. 89).
Resposta bíblica:
De acordo com a Bíblia, somente o verbo encarnou (Jo 1.14). Veja ainda Gl 4.4; Cl 2.9 e 1Tm 2.5.
7. Jesus, o melhor ou único caminho para o Pai?
No livro, Jesus é apresentado como o melhor e não o único caminho para Deus: “Eu sou o melhor modo que qualquer humano pode ter de se relacionar com Papai ou com Sarayu” (p. 101).
Resposta bíblica:
A Bíblia é muito clara ao afirmar que Cristo é o único que pode salvar: Is 43.11; Jo 6.68; Jo 14.6; At 4.12 e 1 Tm 2.5.
8. Patripassionismo
O livro promove uma antiga heresia denominada patripassionismo, que é o sofrimento do Pai na cruz: “O olhar de Mack seguiu o dela, e pela primeira vez ele notou as cicatrizes nos punhos da negra, como as que agora presumia que Jesus também tinha nos dele. Ela permitiu que ele tocasse com ternura as cicatrizes, marcas de furos fundos” (p. 86). “Olhou para cima e notou novamente as cicatrizes nos pulsos dela” (p. 92). “Você não viu os ferimento em Papai também”? (p. 151).
Resposta bíblica
A Bíblia mostra que foi Jesus quem sofreu na cruz e recebeu as marcas dos cravos e não o Pai ou o Espírito Santo. Veja João 20.20, 25, 28.
9. Universalismo
A Cabana promove o universalismo, isto é, que todas as pessoas serão salvas, não importa a sua religião ou sistema de crença. “Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores, americanos e iraquianos, judeus e palestinos” (p. 168, 169).
“Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero me juntar a eles em seu processo para se transformarem em filhos e filhas do Papai, em irmãos e irmãs, em meus amados” (p. 169).
Jesus afirma: “A maioria das estradas não leva a lugar nenhum. O que isso significa é que eu viajarei por qualquer estrada para encontrar vocês” (p. 169).
Resposta bíblica
Não há base bíblica para tais afirmações. A Palavra de Deus ensina que não existe salvação fora de Jesus Cristo. Apesar de o universalismo ser uma doutrina agradável, popular e que reflete a política da boa vizinhança, a Bíblia afirma que nem todos serão salvos: Veja Mt 7. 13, 14; 25.31-46; 2 Ts 3.2.
NOTAS
* Pastor presidente da ICT – Igreja Cristã da Trindade; Presidente da Agir – Agência de Informações Religiosas
¹ Brian McLaren. Uma ortodoxia generosa. Brasília. Editora Palavra. 2007. Este livro promove muitas das propostas denunciadas neste estudo.
² YOUNG, William P. A cabana. Rio de Janeiro. Editora Sextante. 2008.
³ Algumas idéias foram extraídas de um trabalho publicado por Norman Geisler: “Norm Geisler Takes “The Shack”to the Wood Shed. Acessado em 18 de dezembro de 2008. www.thechristianworldview.com
BIBLIOGRAFIA
EVANS, C. Stephen. Dicionário de apologética e filosofia da religião. São Paulo. Vida. 2004.
NICODEMUS, Augustus. O que estão fazendo com a Igreja. São Paulo. Mundo Cristão. 2008.
PIPER, John et alli. Teísmo aberto: uma teologia além dos limites bíblicos. São Paulo. Editora vida. 2006.
WILSON, Douglas (org.). Eu não sei mais em quem eu tenho crido: confrontando a teologia relacional. São Paulo. Editora Cultura Cristã. 2006.
YOUNG, William P. A cabana. Rio de Janeiro. Editora Sextante. 2008.
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Rev. Ageu, muito boa esta explicação e esclarecimento do livro A Cabana, foi uma das ou a mais clara e facil de entender que já li.
O Senhor acha que convém imprimir e passar para a mocidade com a qual eu estou trabalhando, ou não?
Caro Jonatas, fique à vontade para imprimir e passar aos seus jovens. Creio que é bastante interessante eles terem conhecimento disto. Abraço, Ageu
Caro Rev. Ageu
O sr. me permite copiar o artigo e cologar no blog da minha igreja.
http://www.ipbpoa.blogspot.com
Grato pela contribuicao aque vem fazendo a sociedade reformada.
Fernando Jordão
Caro Fernando Jordão, fique à vontade. Este artigo não é meu, é do Pr. Paulo Romeiro, portanto, por favor, não se esqueça de indicar o nome dele no seu blog. Abraço, Ageu
Rev Ageu, estava navegando e encontrei um artigo seu em oyro blog "Um arrepio bem hipócrita" e gostei do texto, e compartilho com o conteúdo, pois, identifico isso em minha congregação. Cliquei então para conhecer o blog e me deparei com este artigo sobre o livro "A Cabana", confesso que ainda não o li, mas muitos amigos meus, não evangelicos, tem falado "maravilhas" sobre ele, e agora entendo o porque.
Meu nome é Paulo Cesar Amaral
Meu blog http://blogdopcamaral.com
Assim como o artigo "Um arrepio…" e este da "Cabana" gostria de publicar tipo já em meu blog – com devidos créditos.
Faça um visita ao PC@maral e vamos nos seguir para saber das atualizações de artigos.
Que Deus continue te abençoando grandemente!
Caro Paulo Cesar, é uma alegria recebê-lo aqui no blog. Fique à vontade para publicar os artigos.
Abraço,
Ageu.
Obrigado Rev. Acabei de publicá-los. Vi que o Sr já está seguindo o PC@maral, obrigado também. Volta dizer "escrever" Exelentes estes artigos.
Deus abençoe!
Prezado Reverendo Ageu,
Não li o livro e estava meio em dúvida do seu conteúdo, uma vez que tenho vistos crentes defendendo o difundindo a leitura do mesmo. Foi de forma esclarecedora o conteúdo e edificante.
Já estou te seguindo, e solicito sua autorização para postar esse texto em meu blog, com os devidos créditos.
Meu blog http://blogrenatojr.blogspot.com
Que Deus continue te abençoando grandemente!
Renato Jr.
Caro Renato, autorizadíssimo. Forte abraço, Ageu.
Caro amigo… entendi sua preocupação com o artigo, mas sou levado a discordar em algumas posição, enquanto em outras posso concordar. Em algumas exposições fica claro que existe uma "licença poética"; uma tentativa para expor um pensamento:
1. Hostilidade ao cristianismo
É claro que a maioria das instituições (não as chamo de igreja, pois nós somos igreja); não conseguem ajudar todo o homem. A Palvra está lá, e contém tudo o que o homem precisa, mas as pessoas que a ensinam muitas vezes não conseguem, ou não sabem, fazê-la eficaz na vida das pessoas. Desta forma, estudam, mas pouco se aproveita por falta de uma contextualização prática. Nós também sabemos que boa parte dos cristãos atuais são nominais, embora participem da sua denominação, e por falta deste relacionamento ativo com Deus, promovem uma "fé" morna, notada pelos que se achegam ao rebanho. Não quero generalizar, mesmo porque existem muitas pessoas preocupadas com isso, como prova o seu blog.
3. A rejeição de Sola Scriptura
Sim, concordo com isso… mas volta ao primeiro ponto. Quem há de explicá-la ao irmão? Com certeza os que têm maior tempo em sua caminha com Cristo. Mas, e se esses não conseguem transmitir-la, seja por descuido, seja por falta de vontade? Acho que o livro questiona isso na igreja atual – uma falta de compromisso com Deus que gera crentes mornos… A cabana entendo neste contexto como o próprio Espírito Santo se expondo para cuidar desta deficiência. Ora, já que não há quem pregue, o próprio Deus não deixará de entregar Sua Palavra. Sendo assim, a figura de uma cabana pode ser visualizada como recurso, na falha daquela que deveria comunicar a verdade…
continua…
…
4. Uma visão antibíblica da natureza e triunidade de Deus
Você mesmo comenta que ele "parece" endossar. Mas e se seu intento não era esse. A doutrina da Triunidade de Deus sempre foi difícil de entendê-la, pois foge ao raciocínio humano, sendo que a conhecemos por meio da nossa "fé". Nossas palavras são muito limitadas para tentar expressá-la. E não seria diferente para o autor a dificuldade de traduzir isso para seus leitores, que podem nunca ter parado para pensar sobre isso. No entanto, ele deixa claro, pelo parágrafo citado, o que ele entende. Ora, acho que o autor expressou bem, nos surpreendendo. E não foi surpreso que Abrãao recebeu os três (Gen 18:1-2)?
5. A punição do pecado
Neste ponto também acho que depende da visão com que se lê a passagem do livro. Pode ser encarado com suavização do pecado "Não preciso castigar as pessoas pelos pecados."; mas também pode conter uma verdade "O pecado é o próprio castigo, pois devora as pessoas por dentro". Certo de que o salário do pecado é a morte, concordo que não devemos mascará-lo, e nem diminuir seu grau de destruição na vida do homem. Mas achei um bom contraponto, pois entendo que a própria morte é o catalisador da destruição do pecado. E entenda-se por morte, como a Bíblia entende: separação total de Deus, e os reflexos disto na vida espiritual, moral e física da pessoa.
9. Universalismo
Sabemos que não há salvação fora de Jesus. Ponto final. Mas isso não está atrelado a qualquer dominação. Podem sim existir pessoas que entendam o chamado e creiam em Jesus, independente do local onde se reúnem. Creio que encontraremos muitas surpresas ao chegar diante do Trono Branco…
Bem, finalizo minha participação só deixando claro que não estou ganhando nada em defender o autor, mesmo porque não o conheço. Mas quis expor as impressões que o livro me deixou, e que acho corroboram para o sucesso que o mesmo alcançou. Sei que podem existir falhas, e por isso é bom o artigo para refletirmos, mas mais importante é se ter uma opinião pessoal sobre isso, e para tanto uma leitura do livro é recomendada para reflexão sobre os pontos apresentados. Eu sinceramente encontrei alguns pontos que nos fazem pensar o papel da igreja no mundo hoje – o que ela tem representado na vida das pessoas para ser relevante. Ela tem conseguido alcançar o homem todo? Seu discurso não tem causado desequilíbrio na vida das pessoas, para que elas possam indagar se estão certas em seguir seus caminhos? Quantos estão sentados nos bancos de sua igreja, sem experimentarem um verdadeiro relacionamento com Deus e sua graça? São perguntas que o livro me trouxe, e que estou tentando respondê-las… Na paz que excede todo o entendimento: Jesus!
Ola irmão,
Publicamos o seu artigo hoje no Genizah. Tivemos bons comentários. Se quiser, fique a vontade para responder seus leitores por lá.
Paz e Bem
Danilo
Segue o link:
http://www.genizahvirtual.com/2009/09/um-arrepio-bem-hipocrita.html
Caro irmão Koynonia, como não li o livro, mas apenas reproduzi o artigo do Pr. Paulo Romeiro, percebendo o interesse de muitos cristãos sobre a obra, não posso refutar os seus pontos de discordância da análise, todavia, gostaria de, com base no seu escrito, apontar algumas questões.
1. Licença poética – A linha entre heresia e licença poética é muito sutil. O que para alguns pode ser considerado hoje como licença poética, no passado, gerou condenações de heresia por concílios. Quando um autor bíblico usa poesia para falar das obras de Deus, ele tem “licença” pois está sob a influência do Espírito Santo (2Pe 1.21) e qualquer linguagem poética ou figurada, cremos, está inspirada, pois, obra do Espírito Santo. Agora, quando eu passo a interpretar as Escrituras de modo diferente do que os escritores inspirados tencionaram se expressar, eu ultrapasso o limite da revelação, criando “verdades” que não estão no texto, portanto, acréscimos ao que Deus revelou. Caio então na condenação de Apocalipse 22.18, sem dúvidas.
2. Hostilidade ao Cristianismo. Caro irmão, eu concordo que a igreja militante tem muitos defeitos. Ela só será santa quando chegarem as bodas do Cordeiro: “Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos.” Ap 19.7,8. Enquanto isto não chega, a igreja terá, certamente, seus defeitos. A questão toda, então, é: Qual deve ser a minha atitude com relação às imperfeições da igreja? A crítica destruidora ou o empenho em reformá-la? Note que nem Lutero optou pela primeira. As 95 teses tinham o objetivo de alertar ao Papa quanto aos erros que a igreja estava produzindo com as indulgências. Lutero não sabia que o Papa já sabia. Será que o autor de A Cabana faz críticas positivas, sugere alternativas para a reforma da igreja atual, ou só críticas destrutivas? Qual a intenção dele? Reformar ou destruir?
3. Rejeição de Sola Scriptura. Caro irmão, você não generaliza, mas o autor do livro sim. Será que não existe sequer uma igreja nos EUA fiel ao Evangelho de Cristo?
4. Visão anti-bíblica da Trindade. A reforma protestante nos legou uma bela frase: “Quando a Bíblia cala, nós nos calamos.” O mistério da Trindade é para ser temido, não explicado. E se não podemos explicá-lo racionalmente, a melhor atitude é nos calarmos. Nem o próprio Deus deu margem para que representássemos a Trindade de várias formas. Você cita Gn 18.1,2, mas note que ali não é a Trindade. Há sim, uma teofania (talvez Cristofania), mas os outros dois são anjos e nada mais. Nada no texto aponta para Trindade. O autor de A Cabana quebra o segundo mandamento de modo claro. Deus proíbe atribuir figura a qualquer das pessoas da Trindade (Ex 20).
(continua)
5. A punição do pecado. A Bíblia mostra que:
1) Deus tratou com pesado juízo os ímpios do passado. O personagem reclama de que o Deus que lhe ensinaram “derramou grandes doses de fúria, mandou o dilúvio e lançou pessoas num lago de fogo” inconformado com estes atos cruéis, o personagem pergunta ao suposto Deus do livro:
“Honestamente, você não gosta de castigar aqueles que a desapontam?” Ao que “Deus” se defende: “Não sou quem você pensa, Mackenzie. Não preciso castigar as pessoas pelos pecados. O pecado é o próprio castigo, pois devora as pessoas por dentro. Meu objetivo não é castigar. Minha alegria é curar. — Não entendo…”. Será verdade que as doses de fúria, o dilúvio e o lago de fogo foram apenas fruto da imaginação de maus pregadores? Vejamos:
Doses de fúria:
Genesis 19:24-28: “Então, fez o SENHOR chover enxofre e fogo, da parte do SENHOR, sobre Sodoma e Gomorra. E subverteu aquelas cidades, e toda a campina, e todos os moradores das cidades, e o que nascia na terra.”
Exodo 9:22-25: E Moisés estendeu o seu bordão para o céu; o SENHOR deu trovões e chuva de pedras, e fogo desceu sobre a terra; e fez o SENHOR cair chuva de pedras sobre a terra do Egito. De maneira que havia chuva de pedras e fogo misturado com a chuva de pedras tão grave, qual nunca houve em toda a terra do Egito, desde que veio a ser uma nação. Por toda a terra do Egito a chuva de pedras feriu tudo quanto havia no campo, tanto homens como animais…”
Levitico 10:1-2 “Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR.”
Números 14:36-37 “Os homens que Moisés mandara a espiar a terra e que, voltando, fizeram murmurar toda a congregação contra ele, infamando a terra, esses mesmos homens que infamaram a terra morreram de praga perante o SENHOR.”
Números 16:34-35 “Todo o Israel que estava ao redor deles fugiu do seu grito, porque diziam: Não suceda que a terra nos trague a nós também. Procedente do SENHOR saiu fogo e consumiu os duzentos e cinqüenta homens que ofereciam o incenso.”
Números 16:44,49 “Então, falou o SENHOR a Moisés, dizendo: Levantai-vos do meio desta congregação, e a consumirei num momento (…) Ora, os que morreram daquela praga foram catorze mil e setecentos, fora os que morreram por causa de Corá.”
Dilúvio:
Genesis 6:17 “Porque estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo dos céus; tudo o que há na terra perecerá.”
Lucas 17:26-27 “Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do Homem: comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos.”
Lago de fogo:
Apocalipse 20.14–21:1 “Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.”
Apocalipse 21:8 “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.”
(continua)
2) Deus castigou todos os nossos pecados em Jesus Cristo:
Isaias 53:4-5 “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.”
Rm 5.8-10, 19: Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só muitos se tornarão justos.
1 Co 15.3: Antes de tudo vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.
2 Co 5.21: Àquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.
1 Pe 2.24: …carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas fostes sarados.
1 Pe 3.18: Pois, também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no Espírito…
3) Deus castigará os pecados daqueles que não tem a Cristo
Mateus 12:36-37 “Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo”
João 5:28-29 “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.”
Romanos 2:2-3 “Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade contra os que praticam tais coisas. Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?”
Romanos 2:5-8 “Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento: a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade; mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e obedecem à injustiça.”
Hebreus 10:26-27 “Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.”
1 Pedro 4:17-18 “Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador?”
2 Pedro 2:9-10 “é porque o Senhor sabe livrar da provação os piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo, especialmente aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer governo.”
2 Pedro 3:7 “Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios.”
Judas 1:14-15 “Quanto a estes foi que também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que veio o Senhor entre suas santas miríades, para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram e acerca de todas as palavras insolentes que ímpios pecadores proferiram contra ele.”
Fica evidente, à luz dos versículos acima, que o “deus” retratado no livro não é o Deus revelado na Bíblia. É apenas um deus feito à imagem e semelhança do homem pós-moderno.
(continua)
6. Universalismo. Caro irmão, concordo com você que a salvação não está atrelada a uma denominação, mas ao precioso nome de Jesus Cristo. Mas isto é bem diferente do que o livro defende, senão vejamos:
“Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores, americanos e iraquianos, judeus e palestinos” (p. 168, 169).
Budistas salvos? Muçulmanos? Eles têm a Cristo como Salvador nos seus sistemas? Como disse no início, não li o livro, mas este parágrafo já é suficiente para condená-lo. Nega a exclusividade do nome de Cristo para salvação.
Agradeço seus comentários e creio que qualquer literatura tem pontos positivos. A Bíblia nos manda julgar todas as coisas e reter o que é bom (1Tm 5.21), entendido que, para julgar é necessário ter conhecimento. Eu não veria problemas em encontrar este livro cheio de heresias nas mãos de um crente maduro, apto a julgar e reter o que é bom. Todavia, não é isto o que está acontecendo. Muita gente sem profundidade bíblica tem se apegado a este livro e se corrompido. Estão crendo agora em um deus fraco, tolerante, que aceita salvação de qualquer caminho, um deus que não tem nada a ver com o glorioso Deus, Todo-Poderoso, Criador e Sustentador de todas as coisas. Que saibamos fazer uma crítica aos erros do evangelicalismo moderno, sem o propósito de destrui-lo, mas de corrigi-lo. Neste sentido, só a Bíblia poderá nos ajudar. Grande abraço.
Olá, gostei deste artigo falando sobre o livro, no qual sinceramente, não gostei, justamente por apresentar coisas absurdas e confusas no seu enredo!! E os produtores e autores ainda querem produzir um filme.
Vou utilizar este texto no meu blog, ok? COlocando claro os créditos do autor!
Um abraço e que Deus te abençoe.
umpbelem.blogspot.com
Caro irmão Peralta… fique à vontade para usar o artigo. Abraço.
Graça e paz Rev Ageu.
Gostei muito do artigo e gostaria também de publica-lo em meu blog e no site da IPB de Porecatu, da qual pela graça de Cristo, sou pastor. Peço sua autorização para publicar outros artigos, pois pelo que vi há muita riqueza aqui.
Que Deus continue usando-o.
Abraços, que Deus o abençoe.
http://www.pss777.blogspot.com
http://www.ipbporecut.com.br
Caro Rev. Paulo Sérgio, fique à vontade. Abraço, Ageu.
Eu gostei do livro e recomendo a todo os cristãos que eu puder, não vejo nada de errado, até porque não é material teológico e sim um livro de ficção.
Pamela
Entendo seu ponto de vista, mas o livro pode ser de ficção, mas Deus não é. A questão não é o que vemos de errado, mas sim o que é certo e errado baseado nos parâmetros de Deus e não dos nossos.
Espero que isso tenha ficado claro.