Formação de Pastores Online?
Publicado em: 11 de novembro de 2022 Por: Rev. Ageu Magalhães
No último dia 07/07 aconteceu o funeral do cantor Michael Jackson. Com lágrimas, mas muita música e a presença de artistas famosos como Mariah Carey, Queen Latifah, Stevie Wonder, Lionel Richie, entre outros, o evento foi transmitido, ao vivo, durante cerca de três horas, por 19 cadeias de televisão americanas. O funeral foi assistido por 30,9 milhões de americanos, pela televisão, segundo dados divulgados pela empresa “Nielsen Media Research”, que mede níveis de audiência, isso sem contar as milhares de pessoas que assistiram pela internet, no mundo inteiro.
Não é de se estranhar que a sociedade tenha chegado a este ponto. J.I. Packer, no seu livro “Religião Vida Mansa” (Editora Cultura Cristã) fala sobre o que está acontecendo com nossa sociedade:
“Qual o símbolo que você acharia apropriado para representar a cultura ocidental moderna? Um hambúrguer? Um aparelho de som? Um carro? Um avião? Uma TV? Um computador? Minha escolha é a banheira quente. Por quê? Por que uma banheira quente é tão divertida! (…) Assim como a imagem do cão olhando para o tubo de som nas etiquetas daqueles discos antigos transmite a idéia do fascinado deleite com aquilo que está sendo ouvido, assim também o emblema da banheira quente expressa perfeitamente a paixão obsessiva do mundo moderno em encontrar formas agradáveis de se relaxar. Nossos antepassados descansavam para estar prontos para trabalhar; nós trabalhamos para estar livres para descansar. Dedicamos uma inventividade sem fim em encontrar novos meios para nos divertir e ficar contentes. Férias, feriados, viagens, esportes, diversão pública, artes de lazer, tudo que a banheira quente representa, de um modo ou de outro, são as coisas que o nossa era materialista presume que definam a vida. Isto tem conseqüências perturbadoras para a cristandade ocidental. O hedonismo (a síndrome da busca do prazer) distorce a santidade, e o hedonismo hoje exerce uma influência férrea sobre nossas prioridades.” (p. 49)
O que temos visto hoje é típico da época em que vivemos, a pós-modernidade. O conceito de certo e errado deixaram de ter importância. O hedonismo, o materialismo e o humanismo fazem com que as escolhas passem pelo critério, não do que é moralmente correto, mas do que é sensorialmente aprazível, confortante. Em termos bem práticos, não importa como eu conduzo meu namoro ou casamento. Não importa se, de acordo com a Bíblia, eu estou em flagrante pecado. O que importa é o meu prazer obtido, meu bem-estar. Não importa se, para conseguir bens eu tenha que usar de expedientes ilícitos e desonestos, o que importa é o bem-estar e o conforto financeiro meu e de minha família.
John MacArthur Jr, no livro “Com Vergonha do Evangelho: quando a Igreja se torna como o Mundo” (Editora Fiel) fala sobre esta transição cultural:
“Enquanto Charles Spurgeon batalhava na Controvérsia do Declínio, uma tendência mundial começava a emergir, a qual estabeleceria o curso dos afazeres humanos em todo o século XX. Era o surgimento do entretenimento como o centro da vida familiar e cultural. Essa mesma tendência viu o declínio do que Neil Postman chamou de a “Era da Exposição”, cuja característica era uma ponderada troca de idéias, de forma escrita e verbal (pregação, debates, preleções). Isso contribuiu para o surgimento da “Era do Show Business” – na qual a diversão e o entretenimento se tornaram os aspectos mais importantes e que mais consumiriam o tempo e a conversa das pessoas. Dramatização, filmes e, finalmente, a televisão colocaram o “show business” no centro de nossas vidas – em última análise, bem no centro de nossa sala de estar. No “show business”, a verdade é irrelevante; o que realmente importa é se estamos sendo ou não entretidos. Atribui-se pouco valor ao conteúdo; o estilo é tudo. Nas palavras de Marshall McLuhan, o veículo é a mensagem. Infelizmente, hoje essa forma de pensar norteia tanto a igreja quanto o mundo.” (p. 73).
De fato, a igreja tem sido influenciada por este modo de vida. Pragmatismo e hedonismo tem andado de mãos dadas em nossas igrejas. O pragmatismo, isto é, a idéia de que o valor de algo é determinado, não pelo que é certo, mas por seus resultados, tem feito com que líderes criem as programações mais diversas e inovadoras, não com o propósito de ensinar a verdade, mas de encher auditórios. Do outro lado, o hedonismo é observado nas pessoas que vão à igreja não para aprender o que Deus requer delas, mas para se divertirem ou para ver o que podem ganhar materialmente em sua relação com Deus. Novamente cito Packer:
“O último passo, é claro, seria tirar os assentos dos auditórios das igrejas e instalar banheiras quentes em seu lugar; então nunca haveria problemas de freqüência. Enquanto isso, muitas igrejas, muitos evangelistas e muitos religiosos eletrônicos já estão oferecendo ocasiões que são planejadas para nos levar a sentir que só perdem para uma banheira quente – isto é, são reuniões felizes e descuidadas, momentos verdadeiramente divertidos para todos. A felicidade tem sido definida como um bichinho de estimação bem quentinho. Este tipo de religião projeta a felicidade na forma de calorosas boas vindas a todos os que se sintonizam ou aparecem ali; um coral quente, com um balanço chegado; na oração e na pregação, um uso cálido de palavras que acariciam nossas costas; e um encerramento caloroso e encorajador (próprio de uma banheira quente).” (p. 51).
E MacArthur:
“Até mesmo a música e a dramatização são cuidadosamente escolhidas para que os incrédulos sintam-se bem. Nada, praticamente, é dispensado como impróprio para o culto: rock nostálgico, os ritmos disco, heavy metal, rap, dança, comédia, palhaços, mímica e magia teatral; tudo se tornou parte do repertório evangélico. Aliás, uma das poucas coisas que é considerada como inadequada é a pregação clara e poderosa…” (p. 46).
Enquanto muitos se orgulham de estarem na “vanguarda” do evangelismo, usando métodos “criativos” de evangelização e conseguindo resultados surpreendentes, enchendo seus auditórios com pessoas “animadas”, a Bíblia não dá sustentação a este tipo de estratégia. Pelo contrário, a Palavra de Deus condena o uso de artifícios na evangelização, pois estes, no máximo, conduzirão pessoas a conversões falsas.
Paulo, escrevendo aos coríntios, diz o seguinte: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e, sim, no poder de Deus (1Co 2.1-5).
Paulo também escreve aos Tessalonicenses o que segue: “Pois a nossa exortação não procede de engano, nem de impureza, nem se baseia em dolo; pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração. A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus disto é testemunha. Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros.” (1Ts 2.3-6).
Em uma era em que até velório virá show com transmissão mundial, que Deus nos guarde. Que não nos tomemos a forma deste século (Rm 12.2) indo à igreja atrás de convívio social, antes que comunhão com Deus, buscando entretenimento, ao invés de contrição, ou fazendo esforços para agradar as pessoas, ao invés de sermos fiéis a Deus.
Como disse D.L. Moody, “o lugar do navio é dentro do mar, mas Deus ajude o navio se o mar entrar dentro dele”.
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Prezado irmão Ageu,
fui convertido pelo Espírito numa igreja Presbiteriana em Araraquara e já passei por diversas outras, todas evangélicas. Tenho 50 anos e o que tenho visto não é a simples secularização da igreja, como se fosse algo sem motivo que entra pela porta da frente para fazer doutrina. Há outra doutrina por trás dessa situação. Observei que a maioria dos pregadores se utiliza da Palavra de Deus para fazer discípulos. Até aqui, seria normal e até louvável. No entanto, fazem discípulos para Karl Marx. As idéias implantadas em mentes jovens as tornam aptas para rejeitar a família e todos os valores cristãos sem que se apercebam disso rapidamente. Há muitos anos isso vem sendo feito e tem gerado conflitos em todos os lugares onde é feito. As gerações anteriores, e jovens ainda, já estão completamente aculturadas para o pensamento socialista. Não se trata de mais uma ideologia, mas de uma cultura já presente nas mentes das pessoas. Por isso, contestá-la é algo que demanda muito estudo e determinação. A reação veio da igreja, mas de forma totalmente diversa. É como se um marujo tentasse tapar o furo no casco do navio consertando o mastro principal. Então, surgem as campanhas de prosperidade, de descarrego, sabonete ungido, rosa ungida e até bonecos ungidos. Curiosamente, ainda não vi qualquer destes pregadores oferecer uma nota ungida de 100 reais pelo simbólico valor de 1 real.
Tenho comigo que, embora os tempos pareçam-se com os do fim, como Ezequias ainda podemos orar e mudar o sentido dos acontecimentos. Deus atende, pois só ao Pai cabe a decisão de permitir a tribulação e os fatos subsequentes. Porém, se não soubermos por que orar, talvez estejamos contribuindo para o avanço do nosso adversário sem o sabermos. Assim, carrego no coração o Salmo 12, o qual sugiro a leitura e a meditação. Consequentemente, o irmão perceberá que alguns julgam-se mais iguais e superiores e, então, lembro-me do Salmo 35.
E, apesar de tudo, alegremo-nos pois pertencemos Àquele que pode todas as coisas.
Abraços fraternos em Cristo
Caro Oliveira, você poderia explicitar esta relação do socialismo com o evangelicalismo atual?