O Aborto Litúrgico – Hendrika Lopes Vasconcelos
Publicado em: 8 de fevereiro de 2019 Por: Rev. Ageu Magalhães
por Davi Quaresma
Um assunto polêmico dentro de nossas igrejas é em relação ao Dia do Senhor. A Bíblia, regra de fé e prática do crente, é clara quando nos ordena guardar o Domingo, mas muitos pais têm negligenciado este dia e, mesmo sem saber, têm feito seus filhos profanarem o Dia do Senhor. A grande dificuldade dos pais é olhar seus filhos como iguais diante de Deus, como irmãos em Cristo, o que significa dizer que as leis dadas por Deus para os pais são as mesmas para os filhos. Pela falta de entendimento deste conceito, muitas igrejas adotam o tão conhecido “cultinho das crianças”: as crianças saem do templo no momento da pregação e, apenas, os adultos ficam presentes para ouvir o que Deus tem a dizer para o seu povo. O que mais me impressiona é que não há respaldo bíblico para esta atitude, nem sequer um texto mal interpretado na Bíblia. Lugar de crente, no dia do Senhor, é dentro da igreja.
Você pode pensar que levar seus filhos ao culto domingo após domingo, pode não surtir efeito algum, afinal, ele é tão pequenino, dá trabalho para ficar quieto e não te deixa prestar atenção à mensagem, mas precisamos ensinar às nossas crianças o caminho que elas devem seguir desde cedo, para que, quando forem adultas, elas não se desviem dele (Provérbios 22.6). Como ensinaremos nossos filhos que eles devem guardar este dia e dar a devida importância ao culto público se as retiramos do templo? A melhor maneira de ensinar à sua criança a não profanar o Dia do Senhor é vivendo-o à luz da Palavra, guardando-o e auxiliando sua criança a fazê-lo.
Eu e meus três irmãos tivemos o privilégio de crescer dentro da igreja e estarmos sempre presentes no momento da exposição da Palavra. Isto nos ajudou muito a crescer espiritualmente e a olhar para as coisas relacionadas ao reino de Deus de maneira respeitosa desde cedo. Claro que não é nada simples, até porque, quando criança, eu achava tudo aquilo monótono. O que uma criança mais deseja é agitação, brincadeiras e muito barulho, mas por muito ouvir falar de Deus dentro da minha casa, por ter ciência de quem Ele era (não tão claramente) e, talvez principalmente, por medo da bronca que eu poderia levar de meus pais, procurava ficar em silêncio. Quando aprendi a escrever, meus pais me deram um pequeno bloco de notas para que eu anotasse as palavras que julgava complexas para minha pobre cabecinha. O mais interessante era que depois do culto, já voltando para casa, nós líamos as palavras que não entendíamos, meus pais se lembravam do contexto em que as palavras foram usadas e, a partir daí, me explicavam o que foi pregado. E conforme os Domingos foram passando, eu já não precisava mais daquele bloco de notas. Ele foi usado por pouco tempo para falar a verdade, mas me foi muito útil para que aos poucos começasse a querer fazer parte integrante daquele momento. Não foi num piscar de olhos que eu larguei aquele bloco de notas e passei a entender o que estava sendo dito pelo meu pastor, muito pelo contrário, foi um processo. Como eu era criança, qualquer coisa tirava a minha atenção, mas, mesmo assim, nas frases em que eu prestava atenção, logo depois de levar um cutucão de minha mãe por estar olhando para o nada, eu conseguia tirar algo de valioso. E é por isso que quando eu vejo aquele monte de criancinhas sendo retiradas do templo no momento da exposição da Palavra, dói por dentro, porque sei que a parte mais importante deste processo está sendo deixada de lado pelos pais.
Deixar os filhos crescerem distantes do culto é um verdadeiro crime cometido pelos pais, é a vida eterna de seus filhos que está em jogo, e é essa ideia que tem de ser passada dos pais para os filhos. Distanciá-los do templo, da presença de Deus, não é uma boa ideia. O seu filho cresce ouvindo que a pregação da Palavra é essencial para o crente, que sem ela ninguém poderá se achegar a Deus, que esse é um momento maravilhoso na vida do crente, mas quando chega esta hora tão esperada, você o tira do templo? Quanto mais perto nossos filhos estiverem de Deus melhor para eles, para o crescimento espiritual deles, para que eles possam conhecer desde cedo quem os criou.
O que há de tão ameaçador no momento da pregação da Palavra a ponto de as crianças terem de ser retiradas do templo? Se Jesus Cristo estivesse ainda na terra e fosse falar ao seu povo, tenho a certeza absoluta de que pai algum retiraria o filho do local onde Jesus estaria pregando. Na verdade, os pregadores fiéis à Palavra foram escolhidos a dedo por nosso Deus para trazerem suas ovelhas para perto dEle. “Deixai vir a mim os pequeninos…” (Lucas18.16). Por isso, não parece ser muito sensata a ideia de tirarmos de nossos filhos aquilo que Deus nos deu misericordiosamente para que tivéssemos conhecimento dEle. Lembrando, mais uma vez, que os seus filhos não são seus, mas de Deus. Você é um instrumento do TODO-PODEROSO na vida destas crianças para prepará-las para viverem de conformidade com a Lei de Deus, desviá-las deste caminho de luz é descumprir uma lei Divina, ainda mais quando se trata do Dia do Senhor.
Não deixe de lado a oportunidade de ter seu filho sentado com você no culto público, de ouvir a seu lado a Palavra de Deus e compartilhar com ele o que você aprendeu no Dia do Senhor. Conte a ele sobre suas lutas, ele é seu irmão em Cristo! Não retire dele o instrumento mais precioso que Deus deixou para o seu povo: a pregação do Evangelho!
Davi Quaresma é membro da Igreja Presbiteriana de Icaraí, em Niterói, Rio de Janeiro, mas serve na Congregação Presbiteriana de Ponta D’Areia, onde seu pai é pastor.
Fonte: Reforma 21
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